segunda-feira, 17 de maio de 2010

Recebi um e-mail com uma apresentação de slides ilustrada com animaizinhos muito simpáticos, que dizia o seguinte:

"Brasileiro sempre teve mania de reclamar dos seus governantes.

Reclamava dos administradores das Sesmarias e das Capitanias Hereditárias; dos governadores gerais e dos imperadores.

Reclamava dos presidentes da Velha República e da República Velha, dos militares, de Sarney, de Collor, de Itamar, de FHC, de Lula...

Não reclamaram de Tancredo Neves porque morreu antes da posse!

No próximo ano, vamos ter novo presidente, novo governador, outros deputados...Ou os mesmos!

Mas o povo vai continuar a reclamar. Sabe por quê?

Porque o problema não está nos deputados, senadores, presidente, governador, prefeito, funcionário ...

O problema está naquele que reclama: você e eu; nós! O problema está no brasileiro.

Afinal, o que se poderia esperar de um povo que sempre dá um jeitinho? Um povo que valoriza o esperto e não o sábio?

Um povo que aplaude o vencedor do Big Brother, mas não sabe o nome de uma escritor brasileiro?

Um povo que admira o pobre que fica rico da noite para o dia? Ri quando consegue puxar tv a cabo do vizinho? Sonega tudo o que pode e, quando pode, sonega até o que não pode!?

O que esperar de um povo que não sabe o que é pontualidade? Joga lixo na rua e reclama pela sujeira?

O que esperar de um povo que não valoriza a leitura?

O que esperar de um povo que finge dormir quando um idoso entra no ônibus? Prioriza o carro ao pedestre?

O que dizer de um povo que elege o Maluf denovo ?...

O problema do Brasil não são os políticos; são os brasileiros!

Os políticos não se elegeram; fomos nós que votamos neles.

Político não faz concurso, ganha votos: o seu e o meu!

Pense nisso."



E concluí que estámos perdidos.

É... Estamos perdidos.

Não pelo povo, de quem foi historicamente subtraído o direito à educação.

Não pelas pessoas simples, submetidas a uma carga de trabalho escorchante, que são sufocadas pela agiotagem oficial dos bancos e grandes corporações, recebem remunerações humilhantes e tem como único lazer o bombardeio ideológico das TVs.

Não por aqueles em quem o prazer e a importância da leitura não foram despertados, justamente para que continuem submissos.

Estamos perdidos porque somos traídos diariamente por aqueles que puderam esclarecer-se e, mesmo tendo sido ou ainda sendo povo, voltaram-se contra os mais fracos.

Afinal, o que esperar de uma classe supostamente esclarecida que, mesmo sendo povo, ecoa o discurso das elites?

Mais que isso: sonha em ser elite, despreza quem enriquece primeiro, mas não assume sua hipocrisia?

Que acha maravilhoso poder pagar preços absurdos pelo pior serviço de internet do mundo?

O que esperar de uma classe esclarecida que chama o povo de acomodado, mas reclama do trânsito parado quando ocorre uma manifestação popular?

Uma classe que adora os preços altos dos teatros e cinemas para que a platéia não fique muito "misturada"?

O que esperar de uma classe esclarecida que, covardemente, culpa os mais fracos pelas mazelas sociais, pois tem medo de apontar seu discurso para os mais ricos?

O que esperar de uma classe esclarecida que se indigna com a falta de pontualidade e a sujeira na calçada, mas tapa os olhos para a miséria, a fome e o analfabetismo?

O que esperar de quem chama o povo de ignorante, politicamente, mas não move sequer uma palha para lhe trazer luz?

O que esperar de uma classe esclarecida que lê mas não entende; instrui-se, mas não pensa?

O que esperar de uma classe que subiu no altar e cruzou os braços?

É... realmente estamos perdidos!

Mas, perdido ou não, meu voto é a única arma que tenho. E não vou jogá-lo no chão.

Posso ser vencido um dia.

Mas vou cair de pé. E votando.