Ontem, vi uma sombra
a seguir-me os passos.
Hoje, ao acordar e olhar pela janela,
havia um enorme Sol aquecendo meu rosto.
Ontem, andando entre folhas,
espinhos feriram-me as mãos.
Hoje, quando acordei,
contemplei uma bela rosa ao meu lado.
Ontem,
chorei pela chuva que caía.
Hoje, ao despertar,
danço sob a tempestade que me refresca.
Se, ontem,
tremia, diante da realidade,
Hoje
lanço-me sem medo ao desconhecido.
Ontem, apenas dormia.
Hoje sonho...
e vivo.
Sérgio Sales.
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sexta-feira, 31 de julho de 2009
terça-feira, 28 de julho de 2009
Divirta-se!
Perguntaram-me uma vez, por que eu disse "divirta-se", ao me despedir.
- Estou indo pro trabalho, responderam.
E isso não pode ser divertido? Ou, ao menos, mesmo que minimamente, prazeroso?
O mundo é dinâmico, o tempo é curto, a vida é corrida. Quando repetimos isso, esquecemos que é a nossa vida que vivemos, o mundo que percebemos é o nosso. O tempo passa com a velocidade que damos a ele. Que ele passa, é fato. Mas pode passar rápido como alguém que nos assusta por que correu para pegar o ônibus, ou lento como um avião que desenha uma esguia linha branca num fundo azul e que acompanhamos para ver quão longa será a linha.
Alguns grandes vilões da história mundial encheram nossas cabeças com falácias que nos fazem esquecer o que somos. Tempo é dinheiro, prazer é pecado. Tudo besteira. Refrões repletos da mais pura crueldade humana, para reprimir, dominar.
Perceber, contemplar... é isso o que nos falta. Esquecemo-nos de fabricar alguns pequenos hiatos em nossas rotinas para essas importantes e prazerosas tarefas. Tocamos nas coisas, mas não sentimos sua textura. Olhamos, e não percebemos os detalhes que compõem o todo. Espreguiçamo-nos, mas não nos deliciamos com esse momento mágico do nosso corpo e com o bem estar que ele proporciona.
Tempo é simplesmente a coleção das nossas experiências. É provar um suco novo a cada dia. É dizer "eu te amo" todas as manhãs, como se fosse a primeira vez. É aprender a costurar. É beijar um amigo. Usar um penteado ou uma roupa que nunca usou antes, só para ver como fica. É sentar de frente para o mar, de pés descalços, sem pensar em nada, apenas pelo prazer de ter deixado um monte de coisas sem fazer e, ao final, constatar que o mundo não acabou por isso.
Sem essas coisas, o tempo se resume a um passar de segundos.
Sei que faço parte dessa grande máquina que se tornou o mundo e, junto com ela, movimento-me.
Mas, também, dedico-me a sentir prazer, degustar meu tempo, perceber e contemplar.
E a repetir: divirta-se!
- Estou indo pro trabalho, responderam.
E isso não pode ser divertido? Ou, ao menos, mesmo que minimamente, prazeroso?
O mundo é dinâmico, o tempo é curto, a vida é corrida. Quando repetimos isso, esquecemos que é a nossa vida que vivemos, o mundo que percebemos é o nosso. O tempo passa com a velocidade que damos a ele. Que ele passa, é fato. Mas pode passar rápido como alguém que nos assusta por que correu para pegar o ônibus, ou lento como um avião que desenha uma esguia linha branca num fundo azul e que acompanhamos para ver quão longa será a linha.
Alguns grandes vilões da história mundial encheram nossas cabeças com falácias que nos fazem esquecer o que somos. Tempo é dinheiro, prazer é pecado. Tudo besteira. Refrões repletos da mais pura crueldade humana, para reprimir, dominar.
Perceber, contemplar... é isso o que nos falta. Esquecemo-nos de fabricar alguns pequenos hiatos em nossas rotinas para essas importantes e prazerosas tarefas. Tocamos nas coisas, mas não sentimos sua textura. Olhamos, e não percebemos os detalhes que compõem o todo. Espreguiçamo-nos, mas não nos deliciamos com esse momento mágico do nosso corpo e com o bem estar que ele proporciona.
Tempo é simplesmente a coleção das nossas experiências. É provar um suco novo a cada dia. É dizer "eu te amo" todas as manhãs, como se fosse a primeira vez. É aprender a costurar. É beijar um amigo. Usar um penteado ou uma roupa que nunca usou antes, só para ver como fica. É sentar de frente para o mar, de pés descalços, sem pensar em nada, apenas pelo prazer de ter deixado um monte de coisas sem fazer e, ao final, constatar que o mundo não acabou por isso.
Sem essas coisas, o tempo se resume a um passar de segundos.
Sei que faço parte dessa grande máquina que se tornou o mundo e, junto com ela, movimento-me.
Mas, também, dedico-me a sentir prazer, degustar meu tempo, perceber e contemplar.
E a repetir: divirta-se!
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Onde está você?
Ontem não consegui dormir.
Algo estava comigo, na cama, inquietando-me.
Algo metamorfo,
que às vezes gritava meus anseios
e outras, ainda pior, silenciava,
num vazio tão profundo
quanto a escuridão...
Parecia querer levar-me
aonde não estava meu corpo:
combate quase sangrento
entre matéria e desejo,
entre lógica
e ilusão...
Quisera estar só,
pois, entre prantos, ao erguer no ar
a dor de tudo o que não realizei,
dormiria.
Mas não... não pude chorar.
Pois que minha dor
era também alegria
e meus sonhos, realidade.
Na imensidão
em que se transformou meu lençol
havia um quê de presença
e, mais que esperança,
a certeza do pertencimento.
Havia ausência e, ironicamente, nela,
felicidade.
Sérgio Sales.
Algo estava comigo, na cama, inquietando-me.
Algo metamorfo,
que às vezes gritava meus anseios
e outras, ainda pior, silenciava,
num vazio tão profundo
quanto a escuridão...
Parecia querer levar-me
aonde não estava meu corpo:
combate quase sangrento
entre matéria e desejo,
entre lógica
e ilusão...
Quisera estar só,
pois, entre prantos, ao erguer no ar
a dor de tudo o que não realizei,
dormiria.
Mas não... não pude chorar.
Pois que minha dor
era também alegria
e meus sonhos, realidade.
Na imensidão
em que se transformou meu lençol
havia um quê de presença
e, mais que esperança,
a certeza do pertencimento.
Havia ausência e, ironicamente, nela,
felicidade.
Sérgio Sales.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Por que escrevo?
Estava me perguntando ontem, por que resolvi criar esse blog. Ou, melhor: por que quero escrever nele?
Mesmo sem ainda ter conhecimento dela, tal pergunta vinha me consumindo já há algum tempo. Somente ontem, tomou forma.
E não tinha idéia da resposta, até agora. Foucault mostrou-me o rumo dessa descoberta.
Cheguei a cogitar muitas respostas.
Pensei se não seria por simples vaidade, um desejo de ser admirado como escritor ou pensador. Embora seja uma possibilidade ainda não totalmente descartada, esbarrou, inicialmente, no fato de eu não ter divulgado o sítio e esteja resistindo a fazê-lo. Soma-se a isso a certeza de não ser um grande pensador, o que poderia justificar o envaidecimento.
Definitivamente, não foi para ganhar dinheiro, pois jamais ouvi falar de blogueiro que tenha ficado rico. Alguns, é verdade, obtém bom retorno financeiro com seus blogs. Mas é uma casta privilegiada de pessoas renomadas que, tendo ou não algo interessante a dizer, tem sua marca (ou nome) contratada a peso de ouro.
Seria para mudar o mundo? Pouco provável, para o alcance que este blog pretende ter.
Como disse, ao ler Foucault, comecei a entender essa vontade de escrever.
As idéias tem vida. Elas querem, precisam sair. Gosto de pensar, emitir juízos, debater comigo mesmo. Muito frequentemente, pego-me em diálogos imaginários, debatendo temas polêmicos.
Insanidade? Estou certo que não. São apenas as idéias procurando seu espaço. E, aqui, elas materializam em "zeros e uns" o espaço conquistado, ainda que possivelmente efêmero. Mas está, de qualquer forma, registrado: elas existiram.
Escrevo porque minhas idéias precisam de mim, assim como preciso delas.
Porque preciso ver as letras darem vida à minha felicidade.
Porque preciso, nos momentos de angústia, lembrar quem sou. Ou descobrir. Ou refazer. Ou reinventar.
Nos últimos, aproximadamente, 20 anos, jamais entendi porque fiquei sem escrever compulsivamente, como fazia em minha adolescência. Atribuí isso à falta de inspiração. Talvez tenha sido... talvez não. O fato é que, com ou sem ela, por um tempo esqueci-me da deliciosa batalha de descobrir quem sou. Mas apavora-me a idéia de realmente descobrir; gostoso, mesmo, é tentar.
Nesse tempo, as idéias adormeceram, o debate arrefeceu.
Mas é hora do fogo, novamente.
Sou do debate. Sou da briga.
Sou da tempestade!
Mesmo sem ainda ter conhecimento dela, tal pergunta vinha me consumindo já há algum tempo. Somente ontem, tomou forma.
E não tinha idéia da resposta, até agora. Foucault mostrou-me o rumo dessa descoberta.
Cheguei a cogitar muitas respostas.
Pensei se não seria por simples vaidade, um desejo de ser admirado como escritor ou pensador. Embora seja uma possibilidade ainda não totalmente descartada, esbarrou, inicialmente, no fato de eu não ter divulgado o sítio e esteja resistindo a fazê-lo. Soma-se a isso a certeza de não ser um grande pensador, o que poderia justificar o envaidecimento.
Definitivamente, não foi para ganhar dinheiro, pois jamais ouvi falar de blogueiro que tenha ficado rico. Alguns, é verdade, obtém bom retorno financeiro com seus blogs. Mas é uma casta privilegiada de pessoas renomadas que, tendo ou não algo interessante a dizer, tem sua marca (ou nome) contratada a peso de ouro.
Seria para mudar o mundo? Pouco provável, para o alcance que este blog pretende ter.
Como disse, ao ler Foucault, comecei a entender essa vontade de escrever.
As idéias tem vida. Elas querem, precisam sair. Gosto de pensar, emitir juízos, debater comigo mesmo. Muito frequentemente, pego-me em diálogos imaginários, debatendo temas polêmicos.
Insanidade? Estou certo que não. São apenas as idéias procurando seu espaço. E, aqui, elas materializam em "zeros e uns" o espaço conquistado, ainda que possivelmente efêmero. Mas está, de qualquer forma, registrado: elas existiram.
Escrevo porque minhas idéias precisam de mim, assim como preciso delas.
Porque preciso ver as letras darem vida à minha felicidade.
Porque preciso, nos momentos de angústia, lembrar quem sou. Ou descobrir. Ou refazer. Ou reinventar.
Nos últimos, aproximadamente, 20 anos, jamais entendi porque fiquei sem escrever compulsivamente, como fazia em minha adolescência. Atribuí isso à falta de inspiração. Talvez tenha sido... talvez não. O fato é que, com ou sem ela, por um tempo esqueci-me da deliciosa batalha de descobrir quem sou. Mas apavora-me a idéia de realmente descobrir; gostoso, mesmo, é tentar.
Nesse tempo, as idéias adormeceram, o debate arrefeceu.
Mas é hora do fogo, novamente.
Sou do debate. Sou da briga.
Sou da tempestade!
terça-feira, 30 de junho de 2009
Quem sou?
Na boa... dá um desconto. Isso aí eu escrevi aos 17, 18 anos, não lembro bem, mas como foi um grande amigo que me pediu, então estou postando.
"Quem sou eu,
que vibro românticos acordes no assobio dos meus lábios?
Quem sou eu,
que sorrio as mais belas estrelas encontradas no meu céu palatino?
Quem sou eu, este homem
que canta inocente e ardentemente, como a tristeza do ocaso presente,
com todo o ar dos seus suspiros?
Quem sou?
Um homem, um deus, um tolo?
Serei eu as noites repletas de relâmpagos e trovões que acendiam as naus perdidas?
Serei eu o sonho dos negros – Liberdade!- perdido na remota crueldade?
Quem sou?
Um homem, um deus, um tolo?
Quem sou eu,
que choro por saudosos olhos,
Olhos que murmuravam carinhos e reluziam verdades?
Quem sou?
Sou deus? Sou tolo?
Quem sou eu que grito um nome humano, de mulher, de amada?
Sou deus? Tempestade?
Apaixonado, simplesmente.
Mais nada."
"Quem sou eu,
que vibro românticos acordes no assobio dos meus lábios?
Quem sou eu,
que sorrio as mais belas estrelas encontradas no meu céu palatino?
Quem sou eu, este homem
que canta inocente e ardentemente, como a tristeza do ocaso presente,
com todo o ar dos seus suspiros?
Quem sou?
Um homem, um deus, um tolo?
Serei eu as noites repletas de relâmpagos e trovões que acendiam as naus perdidas?
Serei eu o sonho dos negros – Liberdade!- perdido na remota crueldade?
Quem sou?
Um homem, um deus, um tolo?
Quem sou eu,
que choro por saudosos olhos,
Olhos que murmuravam carinhos e reluziam verdades?
Quem sou?
Sou deus? Sou tolo?
Quem sou eu que grito um nome humano, de mulher, de amada?
Sou deus? Tempestade?
Apaixonado, simplesmente.
Mais nada."
Retrato
Nada melhor para iniciar meu blog do que a poesia que fiz para minha Preta. Não é lá essa limonada toda, mas como ela jura de pés juntos que gostou, então lá vai:
"como pintar a preguiça
que te prende num abraço, à cama,
apenas porque chove quando amanhece?
como pintar o suspiro
que soltaste quando, mesmo com sono,
não consegues dormir porque te ocupas em admirar?
como pintar o grito
que, por vergonha, não gritas
quando a distância te incomoda?
e o nó em tua garganta,
quando um olhar e um sorriso
roubam-te as palavras?
como pintar o tempo e o espaço
quando qualquer noite é muito curta
e qualquer cama muito pequena...
e o suor que te cega
quando o prazer te arrebata?
não há tinta para isso...
pois tal cena
só quem ama consegue enxergar."
sérgio sales.
que te prende num abraço, à cama,
apenas porque chove quando amanhece?
como pintar o suspiro
que soltaste quando, mesmo com sono,
não consegues dormir porque te ocupas em admirar?
como pintar o grito
que, por vergonha, não gritas
quando a distância te incomoda?
e o nó em tua garganta,
quando um olhar e um sorriso
roubam-te as palavras?
como pintar o tempo e o espaço
quando qualquer noite é muito curta
e qualquer cama muito pequena...
e o suor que te cega
quando o prazer te arrebata?
não há tinta para isso...
pois tal cena
só quem ama consegue enxergar."
sérgio sales.
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