segunda-feira, 13 de julho de 2009

100% MESTIÇO!!

Meu pai é negro. Um negro "tinta fraca", como ouvi há algum tempo, o que já revela certo grau de mistura. Minha mãe, não sei exatamente como definir sua cor. Tem ascendência indígena, apesar da pele clara que deve ter herdado de algum parente distante europeu.

Eu sou marrom. Nem claro nem escuro. Inegavelmente imodesto, sou obrigado a afirmar que é uma cor muito bonita. Bonita e vira-lata. Não tenho a "raça pura" dos brancos europeus, tampouco dos negros da Mãe África. Sequer dos índios nativos, mesmo sendo americano. Sou mestiço ou, como está na moda dizer, 100% mestiço.

Já fui negro, quando, na adolescência, morei no centro-sul do Brasil. Lá eu era preto, ou crioulo. Para os amigos, ou quando queriam algo de mim, era moreno. E, embora tenha decidido não sofrer com o racismo, não pude deixar de perceber e combater sua presença.

Voltei a Salvador e, sem qualquer fenômeno físico aparente, mudei de cor. Aqui, sou branco. E, sinceramente, por muito tempo isso não me incomodou. Quase duas décadas...

Até que perguntaram à minha atual esposa, militante do movimento negro, por que ela havia traído a causa, casando com um homem branco. Branco, eu? "Traiu a causa"? Que causa?

Pergunto-me: se os negros não querem que suas filhas casem com homens brancos, o que havia de errado quando os brancos não queriam suas filhas casadas com negros?

Ingenuamente, eu acreditava que o Apartheid explicitava dois grandes problemas, a discriminação quanto aos direitos civis e a segregação. Pelo que estou percebendo, apenas a primeira deve ser combatida, pois segregados estamos e segregados devemos prosseguir, desde que tenhamos direitos iguais. É o que parece pregar esse movimento meio sem rumo.

Brancos de um lado! Negros do outro!
Ei! Pode parar! E eu? Ou melhor, e nós, quase todos, brasileiros vira-latas? Onde ficamos?
Uma vez que os ortodoxos brancos e negros disputam quem dominará o mundo, creio que cabe aos demais (a grande maioria) a luta contra a segregação.

Como já disse, sempre combati o racismo. Luto por justiça, acima de tudo.
Justamente por isso, quero direitos iguais para todos. Inclusive o direito de não ser visto como negro ou branco, mas como brasileiro.

4 comentários:

  1. Bravo!!!!!! Seu p... hahaha Grande abraço.

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  2. Temos muitas cores e pouca consciencia, eu ja me considero cor de zoada de avião nessa altura do campeonato. São metas, são cotas, uma união distorcida totalmente. Queria saber realmente quem é o que aqui e onde está o tal orgulho de ser brasileiro.

    cheiro

    Uma certa bruxa...

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  3. Sérgio,com todo respeito, se você tivesse a oportunidade de conhecer o papel histórico dos "mestiços" a serviço das ideologias supremacistas e mais recentemente das meta-racistas, talvez não mantivesse esse discurso... para ter uma idéia conheça o "movimento" pardo-mestiço brasileiro através de seu próprio site, depois faça uma pesquisa no google sobre o que se fala e pensa deles... http://www.nacaomestica.org.

    Para aos movimento negros brasileiros, não é nem nunca foi premissa a endogamia (relacionamento exclusivo dentro do próprio grupo) ou segregação, mas sim pura e simplesmente a inclusão e integração social e o respeito a diversidade. Se alguém que se diz do MN pensa ao contrário é um equivocado isolado quem nem deveria se dizer militante.

    Vamos fazer um teste ? coloque uma camisa da seleção, se coloque em "atitude suspeita" esperando um "baculejo" da polícia, será que ao mandar por as mãos na parede vão te tratar por "brasileirão" , "mestição" ou outro adjetivo mais provável ? :-)

    Abração, gostei do blog, sucesso !

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  4. Juarez, quem pode estar a serviço das ideologias supremacistas não são os mestiços, mas alguma organização que assim se auto-intitula. O conhecimento (ou desconhecimento) desse ou outro movimento não faz de mim, propriamente, instrumento de ideologia alguma. Sou mestiço, sim, mas não me interessa pertencer a grupos de natureza racial, ainda que os considere legítimos.

    Com relação à endogamia, caso os movimentos negros não tenham isso como premissa, talvez seja uma boa idéia levantar essa discussão, pois ortodoxos existem e podem estar disseminando esse pensamento. Não foram poucas vezes que ouvi pessoas defendendo essa posição segregacionista ou da supremacia negra. Não são fatos isolados.

    Com relação ao racismo, sei que ele existe. Não sou tolo. Mas não dá pra acabar uma briga simplesmente escolhendo um lado pra ficar. A não ser que eu acredite que deve necessariamente haver um dominante e um dominado. Tem que haver uma briga, sim, mas por espaço, por democracia. Briga de brancos contra negros ou o contrário, simplesmente pelo poder, aí não dá.

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Escreva o que quiser.
Até pq se eu não gostar vou apagar mesmo!... kk