segunda-feira, 20 de julho de 2009

Alô!?

Acabei de atender ao telefone, pela centésima vez essa tarde.
- Alô...
- É da Odonto-algumacoisa? - alguém pergunta do outro lado.
- Não, respondo.
- E de onde estão falando?
Juro que demorei uma eternidade de uns 5 segundos filosofando sobre o que deveria responder.
O que uma pessoa quer saber com uma pergunta assim? Ou, melhor, o que ela vai fazer com a resposta?
E se eu dissesse, por exemplo, "aqui é da Funerária Durma Bem", que diferença faria? O interlocutor iria aproveitar para escolher seu caixão, no lugar de ir ao dentista? Ou iria perguntar: "Por acaso meu dentista passou por aí"?

Atender ao telefone às vezes é um exercício de paciência.

Houve um dia em que ligaram procurando um colega de trabalho. Era de uma empresa de telemarketing, prestando serviço a um banco, se bem recordo.
- Boa tarde! O Sr. Fulano se encontra?
- Não, ele não está, no momento.
- Aqui é do Banco Bufunfa (nome fictício, claro!), nós precisaríamos estar entrando em contato com o Sr. Fulano o mais breve possível. O senhor poderia estar passando um recado para ele?
- Po...
- É para ele estar entrando em contato conosco se possível ainda hoje. Nosso número é 9009 9999.
- Um momento, ainda estou pegando uma caneta. Pode repetir?
- 9009 9999. Estou falando com...
Ahhh... Nem pestanejei:
_ ... migo!
E desliguei.
Mas que cara de pau! Não se identificou, nem sei se era mesmo de um banco e ainda pergunta meu nome dessa forma, sem vaselina!? Sem contar que esse tom ameaçador de quem pergunta o nome ao final da conversa ("com quem eu falei mesmo?") parece que está dizendo: "agora eu sei quem é você, é bom dar o recado!!"

Há também aqueles que consideram os sinais de boa educação apenas obstáculos à objetividade da vida pós-moderna. Ao invés de dizerem um "boa tarde" ou, ao menos, o trivial "alô", disparam o nome da pessoa com quem desejam falar. Obviamente, também já aconteceu comigo:
- Fulano.
- Não, Sérgio - respondi já sabendo o que estava rolando.
- ...
- ...
Uns dez segundos depois...
- Por favor, Fulano está?
- Não.
- "tu... tu... tu..." - bateram o telefone.
O diálogo só poderia ter terminado no mesmo nível de educação do início.

Por essa conversa dá para perceber também que Fulano nunca está nessas horas. Essas preciosidades só acontecem quando ele foi tomar um cafezinho, foi ao banheiro ou fugiu para ir ao banco. Se eu fosse um pouco mais paranóico, ia achar que é o próprio Fulano que liga.

Mas ruim mesmo é quando um colega sai da empresa e os cobradores acham que ele está é se escondendo. Ligam quase todos os dias perguntando pelo sujeito e recebem sempre a mesma resposta: "ele não trabalha mais aqui".
Agora já peguei o jeito. Bolei uma estratégia que sempre funciona, acaba de vez com as ligações. E sem precisar mentir.
- Alô, gostaria de falar com o Fulano.
Ao que respondo, num tom grave:
- Sinto muito, Fulano não está mais entre nós.

Um comentário:

  1. Adorei! mas vc vai acabar matando mais gente que somento o tal fulano que nunca está!

    cheiro

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Escreva o que quiser.
Até pq se eu não gostar vou apagar mesmo!... kk